Sou acordado
com um tapa na minha bunda. Resmungo virando o rosto no travesseiro. Outro
tapa, e dessa vez me viro para encarar quem me brinca de matar mosquito logo na
minha bunda. É uma mulher, negra, com lábios carnudos, cabelo encaracolado com
mechas loiras e um belo par de peitos. Ela se deita ao meu lado, acaricia meu
rosto e me beija, eu correspondo. Ela me beija suave, com delicadeza, um beijo
sedoso, mas que não me dá tesão. Afasto-a e pergunto como vim parar ali.
— Não
lembra?
Balanço a
cabeça em negativo.
— Uau! Então
a cachaça que você tomou foi forte. — Ela diz se levantando.
— Como
assim? — bocejo e sinto o cheiro do meu hálito. Puro álcool.
— Vou
refrescar sua memória...
Sento-me na
cama e cubro minha nudez com o lençol vermelho de seda.
— Você
chegou aqui, quer dizer lá embaixo no bar, bem chateado. Soltando fogo pelas
ventas. Pediu a melhor água ardente que temos, e foi atendido. Depois você
ficou tão bêbado que começou a cantar as meninas do lugar. Repetia a frase: eu
não sou viado. Com a voz embolada por conta das muitas doses de cachaça. Nenhuma
de nossas garotas quis ficar com você.
— Garotas?
Isso é um puteiro? — franzo o cenho.
Ela ri de um
jeito jocoso e continua a falar:
— Sim. Mas,
é um puteiro de respeito, somos as melhores dessa região — diz vestindo seu
hobby de estampa de onça.
— Que
região? — esfrego os olhos ainda embaçados.
— Ora essa!
Como assim que região? Estamos nos limites da cidade, meu lindinho.
— Puta
merda! — digo tapando os olhos e jogando a cabeça para trás. — Preciso ir
embora.
Levanto-me
da cama, e pego minha cueca que está em cima do criado mudo e me visto. Enfio minhas
pernas na calça, rapidamente visto a camisa polo e pego nas mãos meus pertences
que estavam espalhados pelo quarto de cor vermelha e preta.
— Onde pensa
que vai? — A puta diz cruzando os braços. — Ainda não recebi pelo serviço —
mira o olhar em direção ao meio das minhas pernas e diz: — E que serviço, você
é uma delícia e precisa ficar bêbado mais vezes.
Meneio a
cabeça em negativo sem entender o que ela quis dizer com essa observação. Não
preciso ficar bêbado para transar... quer dizer, preciso de algo forte para
estar na cama com uma mulher.
— Tá aqui
sua grana.
Abro minha
carteira que estava no bolso de trás da calça, e jogo na cama seis notas de cem
reais.
Sou caridoso
com essas prostitutas, foi o que o canalha do meu pai ensinou quando me levou a
um puteiro ainda adolescente.
— Nossa! —
diz languida contando o dinheiro. — Aparece aqui mais vezes — solta um
beijinho.
Saio do
quarto e desço as escadas do lugar até o andar de baixo onde fica o bar. É um
lugar rústico, e lembra os bares do faroeste, mas sem aquela porta esquisita
que abre pelo meio. Algumas meninas me olham, e dou sorriso tentando ser
educado. Despeço-me de quem acho ser o dono do lugar. Com os sapatos ainda nas
mãos, abro a porta do lugar e dou de cara com o meu carro sendo arranhado por
três moleques cheira cola.
— Seus
filhos da puta! — grito e eles saem correndo para longe.
Meu carro
levou dois arranhões, um de cada lado. Sinto tanta raiva que dou chutes no
carro e ainda bato com força no teto. Encaro minha BMW azul metálica e não
consigo acreditar que vim parar quase fora da cidade, em um lugar barra pesada,
dentro de um puteiro malcheiroso.
O que me
falta acontecer? Tomar um banho de água suja da rua?
Olho para os
lados e vejo que não vem nenhum veículo, pois tem uma poça de água suja bem do
lado do meu carro. Entro de uma vez e dou partida. O quanto antes sumir desse
lugar, melhor para minha segurança e saúde.
####
Volto para
casa depois de passar a noite fora. Subo a escada, na ponta dos pés para não
fazer o mínimo de ruído, em direção ao meu quarto. Não quero ser pego com a
bunda de fora, metaforicamente falando. Abro a porta do meu quarto, ascendo a
luz e tomo um susto. Vejo minha irmã sentada na beira da minha cama, com as
pernas cruzada como se estivesse atendendo algum de seus pacientes.
— Que susto
do caralho, Amanda — solto o ar preso nos pulmões.
— Irmão,
você deu mancada.
— Eu sei
Amanda, eu sei. Mas eu precisava espairecer, sei lá. Estava ficando sufocado —
digo me sentando ao seu lado e tirando a camisa.
— Onde
passou a noite? E não diga que foi na casa dos gêmeos, pois sei que não foi. A
mamãe ficou preocupada com você. Por Deus, Diego! — diz colocando a mão no meu
ombro.
Respiro
fundo e me deito na cama com as mãos na cabeça.
— Sabe,
mana. Você é única pessoa que não me julga.
— Nunca te
julgaria. Além do mais, você é meu irmão caçula e eu te amo, mesmo você sendo
um chato.
Gargalho com
a reação sincera da minha irmã.
— Eu
descobri ontem que o Joseph e o Kauã são gays, e que eles se pegam.
Ela me olha
de um jeito indiferente com o que acabei de revelar. Como isso fosse uma coisa
normal e totalmente aceitável, para ela deve ser eu acho. Ela é psicóloga e deve
receber alguns caras com crises de aceitação.
— Hum! E
daí? Isso afetou você? A amizade de vocês?
Não respondo
nada, pois não sei como me sinto de verdade, ainda não processei essa informação.
E não estamos numa consulta, mas ela sempre tenta puxar tudo de mim para que eu
me abrir, eu gosto, pois é com ela que consigo desabafar tudo que sinto.
— Diego...
— Eu senti
inveja. Eu acho — tamborilo os dedos na minha barriga.
— Por que
eles estão se pegando? — ela arqueia sobrancelha.
— Não, não
por isso — sento-me ao seu lado novamente. — Senti inveja da coragem deles em
se assumirem na frente de praticamente de toda faculdade e no meio de uma
festa. Todos acham que somos os caras que nunca seriam gays. O Joseph e o Kauã
não têm jeito de gays, você já viu como eles são? Eles não têm caras de gays.
Ela balança
a cabeça em positivo, com os olhos repletos de compreensão me encarando. Dá
sinal para que eu conte tudo que estou sentido.
— Então,
Amanda — continuo. — Como pode eles serem gays, se nem jeito para isso eles
tem?
— Irmãozinho
— diz pousando a mão na minha coxa. — Não é preciso ter jeito de gay para ser
gay. Porque gay não tem jeito, eles são o que são. Não existe isso. Então quer
dizer que é gay só aqueles que se montam, que se vestem de mulher e saem
fazendo performance? Aqueles que pintam e cabelo colorido e falam: ‘mana, o
bofe é um arraso’ — imita um gay afeminado. — Você acha que é isso?
— Sim, acho
— digo num fio de voz.
— Pois trate
de rever seus conceitos, meu irmão — bate na minha coxa e sorri de lado. — Seus
amigos se gostam e isso é o que importa. Já parou para pensar no quão difícil
pode estar sendo para os dois nesse momento?
— Não. Nem
faço ideia — encolho os ombros.
De fato, não
faço ideia de como está sendo a reação dos outros e os comentários na
faculdade. Não faço ideia de como eles irão encarar a reação das famílias, o
pai do Kauã seria capaz de expulsa-lo de casa. Não faço ideia de nada.
— Vocês são
amigos de longa data, sempre se deram bem. Acredito que eles, pensaram que você
seria o não julgaria a situação, mas não foi isso que aconteceu, não é? —
balanço a cabeça em negativo. — Vai ver,
eles estão precisando dos amigos nessa hora.
Ela se
levanta da cama e antes de sair do quarto, se vira para mim e completa:
— Diego.
Quero que saiba que, sou sua irmã e sempre vou te amar, não importa a decisão
que tome, vou te apoiar sempre — dá uma piscadinha e fecha a porta.
Minha irmã
tem um jeito todo especial de trabalhar com seus pacientes, mas eu não sou
paciente dela. Penso que ela já saiba, antes mesmo de mim, o que sinto em não conseguir
me assumir para todos, nem para mim mesmo. Se ela diz que me apoia, quem sabe
um dia eu não criarei coragem para sair de uma vez por todas do armário.
#####
Meu celular
toca, já são oito da noite, e é o Luís. Com certeza ele deve estar sem entender
nada até agora. Atendo.
— Fala mané!
— Mano, onde
você se enfiou o dia todo? Te liguei várias vezes, liguei para sua casa. Ia até
começar uma investigação estilo CIS para saber onde te encontrar.
Sorrio com o
jeito do Luís. Ele sempre tem as melhores saídas para situações como essa, e as
mais idiotas respostas também.
— Quis dar
um tempo, só isso — bocejo, relaxando meu corpo na cadeira de frente para o
computador.
— Quer
conversar? Sabe que tu é meu brother,
chefe da matilha.
Não sou
chefe nem da minha cabeça.
— Para com
essa de chefe da matilha. Não somos nada.
— Somos sim!
Os lobos. Os mais populares! As garotas nos veneram, sabia?
Sorrio. Só
esse louco para tirar um sorriso depois de tudo.
— De onde
você tirou isso? — ajeito-me na cadeira. — Depois de ontem, duvido sermos
alguma.
— Ah, meu
amigo! A descoberta da gayzisse do
Joseph e do Kauã, nos deixaram mais populares. Assim, nem todos nos veem com
bons olhos, mas viva a diversidade, meu amigo!
Acho que ele bateu forte com a cabeça.
— Você tá
bêbado? Drogado? Cara, já mandei você parar de fumar aquela coisa estragada.
— Mano, as
gatinhas estão chegando junto, pois querem ser amigas dos viados. Sobra mais mulher para gente. Já pensou nisso?
— E você já
pensou que a Suelen vai descobrir tuas puladas de cerca e chutar tua bunda
branca para bem longe?
— Para, vai!
Esquece sua prima.
Era só o que faltava! Os gays da turma virarem atração da
mulherada. O que elas querem? Conselho sobre que vestido usar na festa de
formatura? Faça-me o favor!
— Tchau
Luís. Vou dormir, minha cabeça está quase explodindo e amanhã nos falamos.
— Beleza,
então! Fui! — Ele desliga.
Jogo o
celular em cima da mesa do computador e me deito na cama. Estou só de cueca
samba-canção. Fecho os olhos para tentar dormir. Será que quando eu acordar, tudo terá voltado para o seu lugar? Como
seria bom se fosse assim.
#####
Acordo cedo
e decido passar na academia antes de ir para faculdade, faz dias que não ponho
os pés naquele lugar. Passei a noite toda pensando em tudo que aconteceu. O meu
mal humor insuportável, o Joseph e o Kauã se assumindo em público. E eu, o que
fiz de diferente, além de ficar remoendo o que aconteceu a um ano? Nada, não
fiz nada.
Coloco a
bicicleta presa na barra de ferro que fica na frente da academia, todos alunos
que vem de bicicleta colocam ali. Eu decidi deixar o carro em casa, já que
academia fica no bairro onde moro. Um pouco de exercício, liberar endorfina e
me ajuda a acalmar as ideias. Sempre que estou extremamente estressado, venho
aqui para pensar enquanto fico ensopado de suor e com os músculos doloridos.
Passo pela
catraca e sigo para esteira, faço um alongamento rápido antes de começar a
correr um pouco. Coloco os fones de ouvido e ouço Lithium do Nirvana. Fixo meu olhar, enquanto corro, no parque arborizado
a minha frente. Pelo vidro da sala tenho uma bela visão do lugar. Pessoas
fazendo caminhada ao ar livre, idosos conversando e tem algumas até que
tricotam. Inspiro o ar tão profundo, que me imagino correndo entre as árvores do
parque. Estou tão concertado na imagem e na minha corrida, que não percebo quem
está ao meu lado, mas sei que tem alguém correndo na esteira do lado. Olho de
soslaio e vejo ombros largos, de um cara de quase 2 metros. É o Joseph.
Ele está de
cabelo preso, usa uma camisa regata azul e short preto, a tatuagem, de um
dragão, que tem no ombro fica visível. Ele não me olha, deve estar chateado,
com certeza está chateado. Volto a me concentrar na imagem do parque. Noto que
ele tira os fones de ouvido, e eu acabo fazendo o mesmo. Minutos depois, ele
desliga a esteira, desce e fica do minha frente de braços cruzados. O encaro de
volta. Seus olhos me fuzilam. Com uma tapa forte, ele bate no botão e desliga
minha esteira.
— Tá maluco?
— digo descendo da esteira.
— Precisamos
conversar — diz de cara fechada.
Meneio a
cabeça em negativo, pego do chão, ao lado da esteira, minha coqueteleira com
isotônico. Bebo e depois encaro o Joseph.
— O que foi
dessa vez? — digo já sabendo qual o assunto.
— Sem essa,
Diego. Somos amigos, certo? — sua voz grossa, troveja pela sala e algumas
pessoas nos olham.
Balanço a
cabeça em sinal de positivo. Depois de tudo ele ainda me considera seu amigo, e
na verdade, fico aliviado em saber disso, e também muito feliz por não ter
perdido meu melhor amigo depois da minha atitude idiota.
— Se somos
amigos, então por que tratou a mim e ao Kauã daquele jeito na festa? Por que?
Enxugo o
suor da testa com o antebraço e não falo nada.
— Responde,
Diego — diz ele se aproximando.
Seu peito
arfando em cima dos braços cruzados. Juro que estou com medo dele me dar um
soco se eu falar alguma besteira. Bebo mais um pouco do isotônico e o encaro.
— Você pode
pegar quem quiser. Isso não é da minha conta...
— Ah, não é?
— sorri de lado com ironia.
— Não — falo
sucinto.
— E por que
deu aquele show na festa? E não diga que estava bêbado, pois não estava.
Respiro
fundo me aproximo do Joseph e estando bem perto dele digo:
— Foi
estranho para mim ver os meus melhores amigos se beijando na frente de todos.
Sempre fomos os caras mais desejáveis pelas as garotas e... Eu tive inveja da
coragem de vocês — digo de uma vez.
Começo a
perceber que chegou a hora de colocar para fora tudo que sinto, e o cara que
está de pé na minha frente é um dos meus melhores amigos. Ele seria a última
pessoa no mundo que me julgaria, mas eu o julguei, e talvez não mereça sua
amizade.
— Diego, eu
sei o que aconteceu lá no litoral, com aquele lance do Alex...
— Eu não
tenho essa coragem. Eu sou um merda — digo olhando para o chão.
Encosto na
esteira. Ele se aproxima e também encosta ficando ao meu lado.
— Sabe, eu
também não tinha coragem — diz olhando para seus pés.
— E quando
ela apareceu? Na noite da festa?
Nós dois
estamos com a cabeça abaixada olhando para nossos tênis.
— Sim.
Naquela noite — respira fundo.
A academia
não está muito cheia, e as poucas pessoas que tinha na área das esteiras, coincidentemente
saíram nós deixando a sós, então sinto-me a vontade para conversar com ele.
— Ver o Kauã
sendo agredido por você, logo por você, nosso melhor amigo, foi o impulso que eu
precisava para assumir de uma vez o que sinto por ele, e ele por mim. Ver a
pessoa que você ama levar um soco só porque falou a verdade e não fazer nada a
respeito, é ter muito sangue de barata e eu não tenho. Você me conhece e sabe o
que sou capaz de fazer para defender aquilo que amo.
Sabe aquela
inveja que falei? Pois é, está ficando maior depois de ouvir isso.
— Eu sempre
desconfiei que existia algo entre vocês dois. Faz muito tempo.
Dizem, que o
sexto sentido não é privilégio só das mulheres. Todos os homens não têm, com
certeza, é só olhar os gêmeos para saber que mal eles usam os cinco, que dirá seis.
Mas, depois que voltei do litoral, a um ano atrás, e que todos ficaram sabendo
o que aconteceu, percebi que os dois, Joseph e Kauã, passaram a agir como se
não se importassem com quem poderia descobrir sobre eles, contudo, acho que meu
sexto sentido foi mais rápido. Foi complicado para mim desconfiar deles, e está
sendo mais que complicado aceitar que essa desconfiança é real.
— O garanhão
da turma. O líder da matilha. O grande Diego Souza Leão — diz Joseph fazendo um
alto-falante com as mãos. — Sempre admirei você. Sempre quis ser como você era
quando começamos a estudar na faculdade. Lembra do dia que nos conhecemos?
Sorrio ao
lembrar da cena. Foi engraçado, pois o Joseph não tinha cabelo tão grande.
Sempre foi altão, mas não tão forte como agora e usava óculos, era ridículo. Estávamos
na fila da matrícula quando ele chegou pedindo informação, e sua voz grossa,
grave fez com que várias meninas da fila virassem seus pescoços para olhá-lo. E
desde então ele ficou popular pela voz de trovão. Ficou conhecido pelo apelido
de “Lobo Trovão”, outros chamam ele agora de “Thor” por conta do cabelão loiro.
Naquele dia eu ganhei um grande amigo.
— Claro que
lembro. Lobo Trovão — sorrio.
— “Essa é a
fila da matrícula?” — diz imitando o jeito tímido que fez naquele dia.
Gargalhamos.
Como fazia tempo que não sentia isso, que não tinha isso. Uma conversa franca
com um amigo. Eu fui um tolo arrogante.
— Eu te
admiro, Joseph, sempre te admirei, mas por ser imaturo, arrogante e mimado,
nunca admiti isso nem para mim — digo apertando seu ombro.
Ele sorri de
lado e fala:
— Sabia que
estamos sendo zoados, esculachados e viramos piadas na faculdade? É meu amigo,
nossa vida não será fácil daqui para frente.
— Mas o Luís
disse que as garotas nos adoram...
Ele
gargalha.
— Aquele brisado é um idiota — se vira para mim.
— Duas garotas vieram me perguntar se eu podia acompanha-las para escolher o
vestido de formatura e ele viu uma brecha para conquistar as meninas. É um
pervertido! — sorri.
— Sério que
elas te chamaram para isso? Puta que pariu! — gargalho.
— Sim, é
sério. Para boa parte das mulheres todo gay entende de moda, cabelo e do mundo fashion. Tenho cara de blogueiro de
moda? — franze o cenho.
— Nem cara
de gay de você tem — continuo rindo.
— Gay não
tem cara, Diego — torce a boca.
Não consigo
parar de rir, e o Joseph começa a gargalhar junto comigo. O que pensei sobre o
fato das mulheres nos adorarem, segundo a teoria do Luís, estava certo. Elas
acham que todo gay é um poodle mini que dá para pôr na bolsa de grife.
— Brou! —
digo me recompondo das risadas. — Vou começar a me aceitar — respiro fundo.
— Bom
começo, amigo — aperta meu ombro.
Ele me
encara, sorri e me chama para o abraço. Somos amigos, e quero que essa amizade
dure por muito tempo. O primeiro passo eu dei, tentar me aceitar, respeitar o
que sou e tentar ser uma pessoa melhor.