Uma
sexta à noite...
Se falassem que estar divorciada seria tão libertador,
teria me divorciado a muito mais tempo. No meu caso, que me casei com um cara que
era um verdadeiro bunda mole e que só
pensava em futebol, e em como comer outras mulheres, eu deveria ter sido avisada
com antecedência para não cometer uma das maiores burradas da minha vida.
Eu achava que tudo eram flores e que o amor venceria
qualquer barreira. Toda essa balela de príncipe encantado, eu acreditava. Fui
uma trouxa. Descobri que meu lindo
marido, tinha outra família. Ele me traia desde o primeiro ano que nos casamos.
Minha mãe e irmã pediram para denuncia-lo e processa-lo por bigamia, mas ele
não era casado no papel com a outra, só comigo.
Fiquei devastada ao saber disso.
A única coisa boa que sobrou dessa droga de casamento
foi o nosso filho Gabriel, meu anjinho. Juro que não fiz uma besteira tipo:
arrancar a cabeça do meu marido, por causa dele, do meu filhote. Porque a
vontade que tive quando descobri toda canalhice do meu marido, era cortar o pau
dele fora.
Acabar
de vez, com a área de diversão dele!
Já fazem exatos dois anos que estou livre daquele encosto, mas, parece que a urucubaca ficou impregnada. Com certeza
ele deve ter soltado algum mal olhado para cima de mim. Não transo com ninguém
desde que me separei, nem sei mais como flerta com alguém. Ainda se usa essa palavra, flertar? Isso é frustrante. Às vezes, me
olho no espelho e penso que não sou boa o bastante para nada disso. Penso que
não deve ser só falta de sorte, mas também falta de outras coisas ou excesso de
algumas.
Depois da gravidez ganhei peso e nunca mais voltei ao
meu peso antigo. Fiz várias dietas milagrosas, contudo, nenhum milagre
aconteceu. Descobri que uma disfunção hormonal dificulta minha perca de peso. É
fatídico. Porém estou me tratando, sou uma gordinha com a saúde bem cuidada.
Trabalho muito em casa cuidando do Biel, e na escola
sendo professora não só dele, mas de outros trintas alunos, divididos em duas
turmas, na faixa dos seis anos. Uma loucura. Dou aulas nos dois horários. O meu
filho é meu aluno na parte da manhã, mas tem dias que ele passa o dia na escola
quando não encontro alguém que fique com ele. Isso é cansativo não só para mim,
mas para ele também, coitadinho. Queria fazer mais por meu filho.
Hoje, por
sorte, minha irmã está de folga e pediu que levasse o Gabriel para passar a
noite de sexta em sua casa. Estou voltando para casa para me arrumar e cair na balada com as amigas. Fui quase intimida
a sair hoje à noite e esquecer dos problemas diários. Não gosto de sair na
noite de folga, sempre a uso para colocar o trabalho em dia, mas por pressão da
minha irmã e das minhas amigas da escola resolvi me dar uma chance. Lembro da
conversa que tive agora pouco com Elizabeth, minha irmã. Ela dizia:
― Você tem vinte e seis anos, é uma mulher linda,
inteligente e não pode passar todas as noites de sexta enfurnada dentro de casa
― disse Beth com as mãos na cintura parecendo nossa mãe quando nos dava conselhos.
― Ah Beth, para ― falei com indiferença. ― Eu não fico
enfurnada dentro de casa. ― Enfatizei a palavra enfurnada.
Beth pegou um travesseiro e jogou na minha cara
enquanto eu fazia uma expressão de “não tô nem aí para o mundo”.
― A quanto tempo você não transa?
― Beth! Não preciso de homem nenhum na minha cama. Que
pergunta imprópria!
Ela sorriu irônica e disse:
― Ah, minha irmã! Precisa sim. Toda mulher precisa de
alguém que a abrace forte e diga, ao pé do ouvido com aquela voz grave, rouca,
o quanto está louco de tesão por seu corpo ― ela pegou o travesseiro e o agarrou,
começou a beijá-lo e fez um movimento sensual com as mãos. ― E impróprio, é
você ficar sem ter isso nem que seja por uma noite.
― Isso é patético, minha irmã ― revirei os olhos.
― Vai por mim. Hoje à noite você vai encontrar um
monumento de homem, com cabelos longos e rebeldes, tatuado e de barba, com
braços fortes e um sorriso estonteante. ― Ela apertou o travesseiro e depois o
jogou de lado.
Estou até agora pesando no delírio tentador da minha
irmã. Já falei que ela é louca? Ela é perturbada, mas a adoro.
####
Indecisa, é como estou em frente a um monte de roupas
que não consigo escolher para sair daqui a algumas horas. Minhas amigas já me
ligaram perguntando como estão os preparativos para a balada. Não sabia que
existia uma ritual pré-balada, pensei
que era só usar um vestido bonito e pronto.
Preciso de música, acho que colocando uma canção
animada talvez eu me sinta empolgada e decida que vestido usar. Ligo o som que
fica no meu quarto e End of Time da
Beyoncé começa a tocar.
Separo quatro vestidos, que tem potencial para uma
noite como esta. Depois de um tempo afastada do mundo da paquera, me sinto um alien em um planeta diferente, não sei
nem o que escolher para vestir. Oh
derrota!
Pego o que seria a primeira opção de vestido que
usaria, e coloco sobre meu corpo. Olho no espelho e não me agrado com o que
vejo. É um vestido laranja com alças finas e saia de tule. Horrível. Não sei
onde estava com a cabeça quando comprei essa roupa estranha. Ah, lembrei! Foi para um baile de
carnaval. Jogo o vestido sobre o monte de outros vestidos. Não usarei essa
fantasia, irei parecer um abobora de tule.
Segundo vestido: um verde musgo, com saia drapeada,
sem decote. Tem gola rolê, sem
mangas. Definitivamente, acho que irei parecer um OVINI. A frustração começa a
tomar conta do meu emocional. Perdi o jeito para essas coisas.
Terceiro vestido: um azul marinho, com alças grossas e
saia plissada midi. Olhei por várias
vezes, com ele sobre meu corpo, ao espelho e não consegui me ver dentro dessa
roupa para sair à noite. Se fosse para o trabalho, acho que ficaria melhor. Penduro
o vestido dentro do guarda-roupa junto as peças que uso para ir trabalhar.
Quarta opção: dessa vez é uma saia godê em tons de
preto e cinza, que chega até os joelhos. E uma blusa tomara que caia, com
babados na cor branca.
Será que vai servir? Será que ficarei feia? Será? Ai
meu Deus, quantos serás!
Olho para outros vestidos, todos muito brilhantes, e
exuberantes e eu não me vejo mais usando nenhum desses. Se fosse nos tempos de
solteira, talvez usaria. Aquele tempo em que usava e abusava do decote e da
saia curta, tudo com muito brilho. Meu corpo era diferente, não tinha
barriguinha. Meus braços e pernas eram até um pouco torneados. Mas hoje, estou
com uns quilinhos a mais, e um pouco preocupada com o que os outros irão
pensar.
Sento na beira da cama com a roupa nas mãos e fico
tentada a desistir de sair. Meu celular toca e é uma mensagem da Joana, uma das
minhas amigas, a mais louca de todas.
“Esteja pronta
em 20 minutos. Já tô chegando”
Depois dessa intimação, só me resta tomar uma dose
grande de coragem e ir à luta, quer dizer, a balada.
A balada
Sai de casa agarrada a esperança de que hoje, pelo
menos, beijaria alguém, podia ser até alguém feinho ou bonitinho. Com tanto que
fosse um beijo de verdade. Chegamos ao local onde seria a balada. Uma boate chamada: Tentação. Interessante! Será que os caras desse lugar são uma tentação? Na
entrada, dou uma olhada discreta avaliadora pela fila, e vejo vários homens
bonitos, alguns feinhos, outros bonitinhos. Espero que todos, ou grande parte
dos espécimes masculinos da fila estejam solteiros e sejam héteros, será que é
pedir muito? Acho que não.
Entramos na boate, e está bombando. Luzes, som no último volume, pessoas suadas e bem
coladas, garçons passando de um lado para o outro. Meu coração palpita só por
estar ali. Sinto-me velha e deslocada, e só tenho vinte e seis anos, e estou
louca procurando um lugar para sentar.
Minhas amigas me puxam para o bar, sentamos nas
banquetas, estamos em três. Peço uma Piña colada. Enquanto espero meu drink, fico
reparando cada movimento dentro da boate. Preciso me concentrar em notar se
estou sendo paquerada ou não. Olho do lado esquerdo e vejo dois caras se
beijando. Dois homens lindos de morrer no maior amasso. Não nego que sinto um
pouco de inveja em vê-los tão bem conectados. Uma pontinha de frustração
aparece, porém tento não desistir. Olho para o lado direito e um homem que
aparenta tem uns quarenta anos, cabelos curtos, olhos verdes, está me
encarando. De frustração a esperança. Cutuquei com o cotovelo uma das minhas
amigas. Nos duas o encaramos.
Mas, como o destino gosta de ser o vilão da minha
vida, acontece o que temi. Vejo uma mulher se aproximando do quarentão
charmoso. Ela o beija na boca e ele corresponde ao beijo com intensidade. Os
dois só descolam quando a bebida dele é servida.
Destino,
eu nunca te pedi nada, mas será que poderia colaborar comigo? Sair de casa sem
vontade e já foi um grande esforço deixar meu filho com minha irmã, passei
horas escolhendo o vestido que achei ideal, poxa! Será que poderia ser legal e
me ajudar a não deixar minha autoestima ir para o quiabo?!
Volto-me para o bar girando na banqueta, bebo minha
Piña colada, está uma delícia. Acho que só isso será gostoso na noite de hoje.
Minhas amigas insistem para que eu me jogue na pista e dance como se não
houvesse amanhã, mas não tenho vontade. Estou frustrada comigo e com a vida.
Direciono meu olhar para o meio da pista, e vejo um
dos garçons colocando, bem no meio da roda que as pessoas fizeram, uma bengala
luxuosa. Tipo aquelas de filme de mafioso. Estranho, mas engraçado ver aquele
povo gritando: “Dança da bengala! Dança da bengala!”
Viro-me para o barman e pergunto o porquê de todo esse
alvoroço por uma bengala.
― É a primeira vez que vem ao Tentação?
Respondo que sim com um aceno de cabeça enquanto tomo
um pouco do meu drink.
― Então, vou te explicar a brincadeira — ele apoia os
cotovelos no balcão e aponta para pista de dança. — A bengala é colocada na
roda e alguém tem que dançar com ela, a música que o DJ colocar. E só tem uma
regra.
― Qual regra seria? ― digo curiosa.
― Dançar acompanhado ― ele sorri. ― A diversão é
garantida.
― Que brincadeira idiota ― digo com indiferença.
― Brincadeira idiota seria se boa parte dos que dançam
com a bengala não fossem casados, e não estivessem chapados e no dia seguinte
não lembrassem de nada. Relacionamentos foram postos a prova por conta da dança
da bengala.
— É só não ficar bêbado. Simples assim.
― Impossível não ficar, pois colocam a bengala já no
alta da festa, quando a boate está bombando,
como agora. Ou seja, muitos chapados dançam de tudo, e quando digo de tudo, é
tudo mesmo — o barman sorri de lado.
Afinal,
qual a graça em dançar com uma bengala, no meio de uma boate, estando bêbado?
― Se não acredita como é divertido, olha lá ― aponta
para a roda de pessoas. ― Aquele é o Nick, o rebelde. Ele é o que mais dança
com a bengala. Quase todas as noites que dança, ele leva uma garota embora e só
o vemos uma semana depois.
Um
garanhão safado que pega uma toda semana! Tô correndo desses, também.
Meu olhar se fixa bem no meio da roda, onde estão a
bengala e o tal do Nick, o rebelde. Ele se aproxima, anda gingando como se
fosse um animal sorrateiro que quer abocanhar sua vítima. Ele tem cabelos
grandes que passam das orelhas, barba grossa e bem aparada, ombros largos. Está
usando uma camisa com gola v e noto a ponta de uma tatuagem sobre seu peito no
lado direito.
Pisco várias vezes, não acreditando no que vejo.
Lembro de imediato do que minha irmã me falou. Será que agora minha irmã é vidente? Não, isso é muita coincidência.
Será que ela combinou algo com esse cara?
Meu Deus! Se for isso, juro que a esfolo viva.
O tal do Nick rebelde começa a dançar. Segurando a
bengala, ele faz movimentos sensuais, rebola, desce até o chão. Ele coloca a
bengala junto ao tórax e faz um movimento de vai e vem. É sensual para um homem
com o porte físico dele, mas é tão engraçado quanto. Na verdade, não sei do que
acho graça, se do tal Nick rebelde com cara de safado dançando com uma bengala,
ou de mim que estou vendo sensualidade nessa dança estranha. Não sei se o cara é
dançarino, porque se for, precisa de mais aulas.
O DJ cessa a música a pedido do Nick. Todos ficam em
silêncio. Eu fico em silêncio, congelada, paralisada sem mexer um pedacinho do
meu corpinho. O Nick aproxima-se de mim. Com aquele gingado, rodando a bengala,
sorriso de lado, cabelo caído nos olhos, ele está um pouco ofegante pela dança.
Com a cabeça abaixada, ele para na minha frente e se
sustenta na bengala de mafioso, pendendo levemente seu corpo para o lado
direito. Ergue vagarosamente a cabeça e me encara, sinto um frio na espinha.
Fazia séculos que não recebia esse tipo de “olhada”. Seu olhar é enigmático,
penetrante, marcante e totalmente sedento. Sou sugada por seus olhos escuros.
Controlo minha respiração, não quero parecer uma menina virgem que nunca foi
notada por um homem, não mesmo. Em hipótese alguma, jamais estremeça diante de
um homem bonito, é quase impossível, mas não podemos ser o sexo frágil sempre.
Nick estende a mão e por educação, nada mais que
educação, pois sou uma mulher educada, seguro sua mão... A quem quero enganar? Quero pegar em outras partes dele.
— Concede-me a honra desta dança, linda jovem? — diz
com os lábios próximos ao dorso da minha mão e depois o beija.
É inevitável não ficar arrepiada. A voz dele é grave,
um pouco rouca e me faz viajar ao céu. Sem perder o controle, pois eu sou
forte, lhe respondo:
— Acho que um elogio tão clichê, não me fará levantar
de onde estou bem confortavelmente sentada, tomando meu delicioso drink, para
dançar com um desconhecido e sua bengala de madeira nobre — me viro de costas
para ele.
Ele solta um sorriso sarcástico e se aproxima ainda
mais. Sinto sua respiração bem no meu ombro. Juro que se ele tentar alguma gracinha, rodo o copo de Piña colada bem
no meio de sua cara safada.
— Quando
eu te chamei de linda, não foi só um elogio. Foi a constatação de um fato, e
isso me deixa louco de tesão. Linda.
A palavra “Linda” sai de sua boca como um sussurro, e
afirmo, acho que não sou tão forte como pensei que fosse. Se por fora pareço
difícil, por dentro estou derretida. Estou
jogada na via expressa.
— O que te deixa louco de tesão? Me fazer um elogio?
— Não, o elogio é algo mecânico da minha parte. O que
me deixa louco de tesão, é ver de perto o quanto você é linda. Puta que pariu,
gata! Vem dançar comigo, vem?
Encaro de frente o homem que está me deixando com uma
mistura densa de sentimentos. Insegurança, medo de ser um desastre dançando e
sede de experimentar algo novo. O sorriso de lado que estampa o rosto de Nick,
me apetece e sou levada por meus impulsos. Mesmo tremendo por dentro de tanta
insegurança, me desarmo e sigo meus instintos
Ele estende a mão mais uma vez e eu a seguro com
força. Levanto-me da banqueta do bar e ouço um sorrisinho do barman, viro meu
rosto de lado para encara-lo, o rapaz para de sorrir e ergue as mãos em sinal
de desculpas. Qual a piada?
Nick levanta a bengala e aponta para o DJ, de imediato
ele entende o sinal e volta a tocar a música que tocava antes. “Thirsty” da Mariah Carey é o som da vez. As pessoas que estão na roda aplaudem,
gritam e assobiam.
Coloco-me em frente a Nick, ergo um pouco a cabeça
para olhar em seus olhos que estão estreitos me encarando. Ele segura a bengala
pela ponta prateada e a coloca em sua frente. Indica com o queixo que quer minha
colaboração. Coloco minhas mãos sobre as dele na ponta da bengala. Começamos a
dançar, ele começa a dançar com toda sua desenvoltura e habilidade que não sei
de onde sairiam. Acho que antes não queria ver, e por isso achei que ele não
dançava bem, mas ele incrível.
Ele segura a bengala com as duas mãos e me prende ao
seu corpo, fico encurralada. Sinto o roçar da barba do Nick em meu pescoço,
isso é tentador. Ele me guia de acordo com a batida da música e sigo seus
passos. Nick remexe o quadril e eu vou junto no mesmo ritmo. Ele me vira de
frente e minha boca fica poucos centímetros da sua.
Dançamos assim, nos encarando, nos medindo. Ele não
tira os olhos da minha boca, parece deseja-la como um homem perdido no deserto
a procura de água. Mordo meu lábio, Nick solta um gemido que só eu escuto.
Entrelaço meus braços em seu pescoço enquanto ele me prende ao seu corpo com a
ajuda da bengala. Acabado de perder o medo, a insegurança e a tensão que sentia
ao entrar nessa boate, viram pó. Entrego-me de vez ao Nick em sua dança
sensual. E detalhe, não bebi muito.
Eu
quero ver até onde isso vai dar, estou gostando dessa brincadeira.
Acho que realmente eu precisava de uma noite fora de
toda minha rotina. Esquecer um pouco dos estresses do dia a dia, às vezes, é
necessário. Se não for assim, somos consumidos pelos problemas e a vida escapa
por entre nossos dedos igual areia fina.
Agora sei porque fizeram tanta questão que eu saísse,
sinto-me leve em poucos minutos de uma dança em uma brincadeira boba com uma
bengala e um belo desconhecido.
Já no final da música, Nick me gira. Seguro numa ponta
da bengala enquanto ele segura na outra, e me girando de volta para junto de
seu corpo, ele me beija. Afasto minha boca da sua e digo:
— Isso está rápido demais, não acha?
— Não. Estava querendo te beijar desde que vi você
entrar nessa boate, minha linda.
Fixo meu olhar no seu, e eu que o beijo dessa vez. Um
beijo sedento, cheio de desejo, voraz. Há anos que não beijava alguém desse
jeito.
E
eu achando que seria a excluída da balada, a que ninguém nem olharia. Como me
enganei.
Sexo... Sem compromisso
A noite estrelada é encantadora. A Lua cheia dá um ar
de mistério, e mistério é o que há no olhar de Nick. Quando saímos do Tentação,
depois da dança da bengala, viemos comer alguma coisa em um lugar menos
barulhento. É um restaurante que fica a duzentos metros da boate. Atencioso,
Nick puxa a cadeira para que me sente, um cavalheiro. Fazemos nosso pedido, e
enquanto esperamos, tomamos um vinho só para matar o tempo.
Conversamos sobre muita coisa. Para um primeiro
encontro, nossa afinidade é rápida, parece até que nos conhecemos a meses.
Reparo em cada movimento dele durante nossa conversa. Seu sorriso de canto é
atraente, e seu rosto marcante fica ainda mais sexy com a barba bem aparada. As
pálpebras são meio fechadas, o que deixa o seu olhar intrigante. Ombros largos,
braços fortes. As tatuagens que cobrem parte do seu peito ficam visíveis por
conta de sua camisa de gola em v.
Ele arregaça as mangas da camisa e as tatuagens se
prologam por toda extensão de um de seus braços. Respiro fundo, e passo a
língua para umedecer os lábios, que mesmo bebendo um vinho, estão secos. Nick
sorri e se recosta na cadeira, cruza os braços e me encara, eu sorrio de volta.
Será
que estamos flertando? É assim que se faz? Sorrir de volta de um jeito tímido, está
certo? Mas que merda, parece que nunca dei para ninguém na vida!
Nosso pedido chega e antes, nos servimos de mais uma
pouco de vinho. Jantamos em silêncio. Só ficamos na troca de olhares, nos
toques das pontas dos dedos que acontecia sem querer. Parece que estou
revivendo a época de solteira, onde tudo era sem compromisso, encontros casuais
e flertes que terminavam em cima de uma cama ao fim de um sexo completamente
arrebatador. Um filme da minha vida passa na minha cabeça.
Como
pude passar tanto tempo sem sentir tais emoções?!
Jantar com um cara que conheci agora pouco, e parecer
que somos íntimos é algo fora de cogitação para a mulher que me tornei depois
do divórcio, em compensação isso me resgata e traz de volta um pouco da mulher
que fui no passado.
Algumas corajosas mulheres, solteiras ou casadas
deviam tentar isso um dia. Cair na noite, nem que seja para passar um pouco na
bebida, sem se preocupar com a rotina diária que é cansativa. Os filhos nos
tomam muito tempo, eu sei disso, mas às vezes, precisamos de um tempo só para
nós. Os maridos, para quem é casada, nos tomam um tempo ainda maior, contudo
precisamos de um espaço só nosso, às vezes. Eu sou divorciada e mãe, e tem dias
que não tenho tempo nem para arrumar o cabelo.
Hoje,
estou me redescobrindo como mulher.
Ele limpa sua boca sexy com um guardanapo, depois de
tomar um pouco do seu vinho. Cada movimento do Nick é seguido por meus olhos,
não tirei os olhos de cima dele desde que chegamos aqui. Ele estende a mão
sobre a mesa e toca os dedos da minha mão direita, sinto um arrepio com o
toque. Acaricia os meus dedos e ergue o olhar semicerrado, me fitando.
Se
eu não fosse tão controlada, a cada olhada que ele me dá, juro que estaria com
a calcinha ensopada.
— Estefânia, não é esse seu nome? — diz com um tom de
voz rouco.
— Sim, mas prefiro que me chame de Fani, afinal de
contas, nosso nível de intimidade já é bem elevado — dou piscadela.
Ele sorri de lado e completa:
— De fato, Fani — ele me encara e diz: — Quer ficar
mais à vontade?
— Se for para ir a um motel barato e fedido, prefiro
ir para minha casa. Não sai em plena na sexta à noite para finalizar o que
seria uma noite divertida, em um motel de beira de estrada. Não mesmo — nego
com a cabeça.
Ele gargalha e aperta minha mão na sua. O som do seu
rouco sorriso mexe com a minha libido. Que
homem é esse?
— Te garanto — ela puxa minha mão e beija suavemente.
— Não é um motel de beira de estrada, mas se preferir podemos ir até meu
aparta...
— Não mesmo. Te conheci hoje, nem era para estar aqui
jantando. Imagina, ir na sua casa, deitar na sua cama? — balanço a cabeça em
negativo. — Não sou uma garota tão fácil igual as que você está acostumado.
— Verdade, não é mesmo.
Arqueio a sobrancelha. Como assim, não sou mesmo?
— Você joga essa conversa em todas as tolas que dançam
com você na boate. Seu safado — sorrio e puxo minha mão.
Ele recosta seu grande corpo na cadeira e relaxa os
ombros, mas seus olhos não desgrudam de mim.
— Eu nunca trouxe uma garota para jantar depois da
dança.
Oi?
Como assim produção?
— Tipo: você dança, a mulher dá uma brecha e voo
direto para a cama? — franzo o cenho.
Ele só concorda com um aceno de cabeça.
— Você é muito safado — gargalho. — Só que comigo...
— É diferente, eu sei. Senti que era diferente quando
dançamos, sua energia me excita. Suas curvas me deixam louco.
— Ah parou! Que curvas? Tá de palhaçada comigo? —
levanto irritada.
Pego minha bolsa e faço menção a sair do restaurante
quando sinto Nick me segurar pelo braço.
— Aonde vai, Fani? Te ofendi? — diz sem entender.
— Claro que ofendeu? Onde raios eu tenho curvas? Eu
sei que não sou uma mulher de curvas delineadas, exuberantes. Sei disso, mas sou
uma gordinha feliz com meu corpo, tá?
Ele gargalha e não me solta.
— Por Deus! Você tem lindas curvas sim, e não é uma
ofensa. Desculpa se entendeu desse jeito, não era minha intenção.
Ele se curva com a mão no peito, parecendo um Lord do
século dezoito. Eu respiro fundo e com uma das mãos na cintura digo:
— Desculpa, tá? Eu que sou meio louca — volto para
mesa.
— Relaxa — ele volta a se sentar. — Não é só porque é
gordinha que não tem curvas.
— Ah, não? — digo com falsa perplexidade.
— Não. Suas curvas são sinuosas, sexys — pisca de um
jeito cafajeste.
Não
acredito que estou caindo nessa conversa!
— Nick, é melhor pararmos por aqui. Não quero terminar
essa noite, que era para me divertir, chateada com um cara que juguei ser
legal.
Ele arregala os olhos e diz:
— Você me acha legal?
— Acho...quer dizer, achava. Ah sei lá!
Ele sorri de lado, se levanta e estende a mão para
mim.
— Vem comigo.
— Para onde? — finjo indiferença.
— Não faz essa cara e vem comigo. Vou garantir,
pessoalmente, que sua noite seja incrível.
####
É um hotel luxuoso, tipo cinco estrelas. Um lugar que
você vê nas grandes revistas de turismo, como sendo o hotel ideal para quem não
se preocupa com as despesas. Entramos e na recepção Nick é atendido com
formalidade, e os funcionários do lugar o tratam como senhor Nicholas. Ele me
conduz até o elevador e a curiosidade me deixa intrigada, então pergunto:
— Senhor Nicholas? Você vem sempre aqui, senhor
Nicholas? — arqueio a sobrancelha.
Entramos no elevador e ele aperta o botão do vigésimo
andar. Olha para mim e diz:
— Na verdade, sou o dono desse lugar — apoia um dos
braços na parede do elevador.
— Uau!
Encosto-me de lado ficando de frente para ele. Mais
uma troca de olhares e não resistimos. Nos beijamos ardentemente. Sedentos um
pela boca do outro. O seu toque me faz arrepiar e a sede de querer mais dele me
inebria. Ele segura minha nuca com uma mão, e a outra enfia por baixo da minha
saia e aperta minha bunda com força. Gira nossos corpos, me prendendo contra a
parede do elevador. Agarro seu pescoço, quero senti-lo mais perto. Ele passeia
seus lábios por meu pescoço, desce até chegar no meu decote.
Na hora que ele ia beijar, o elevador para as portas
se abrem. Três homens estão parados nos olhando. Com o susto empurro o Nick que
quase sai do elevador. Ele se vira e encara os homens com chateação. Com a voz
rouca e visivelmente irritado ele diz:
— Procurem outro elevador, por gentileza — aperta o
botão e antes da porta fechar ele completa: — Esse aqui está ocupado.
A porta se fechar atrás dele.
— Nick...
— Onde paramos?
Ele me puxa pela cintura e volta a me beijar. Não
reluto, estou entregue. Meus dedos se entrelaçam ao seu cabelo úmido e
cheiroso. Esse cheiro de homem me excita,
fazia tempo que não o sentia.
####
Dentro do quarto sou praticamente jogada em cima da
cama, e gostei disso. Essa pegada forte do Nick me deixa com os sentidos em
alerta, em alerta de me entregar de uma vez. Apressadamente ele tira sua roupa
ficando nu. Sua ereção avantajada me deixa com água na boca. Cada pedaço de seu
corpo exala sedução, mistério e tesão. Seu peitoral expandido e definido, assim
como seu abdômen e suas coxas poderosas fazem dele um conjunto completo para se
usar e abusar.
Ele me ajuda a tirar minha roupa. Fico de calcinha e
sutiã e, por impulso causado ainda pela vergonha do meu corpo, cruzo os braços
em frente ao meu corpo. Não quero que o Nick se sinta mal com minha
barriguinha. Com um olhar meio confuso ele diz:
— Por que a vergonha?
— Não me sinto bem em me mostrar assim para um homem.
Ele descruza meus braços delicadamente e leva as
minhas mãos até sua boca, beijando cada ponta dos meus dedos.
— Fani, não tenha vergonha. Você é linda. É uma mulher
linda, seu corpo é lindo e eu quero provar cada pedaço dele.
— Não se importar com minhas dobrinhas?
Ele balança a cabeça em negativo. Apoia-se nos joelhos
e fica por cima de mim na cama. Minha atenção está voltada só para os
movimentos do Nick.
— Suas dobrinhas são um detalhe. Um mero detalhe que
me enche ainda mais de tesão.
Ele retira o meu sutiã e acaricia meus seios. Leva um
deles a boca e o chupa com vontade. Respiro ofegante e entrelaço os dedos em
seus cabelos. Ele suga o outro seio. Faz círculos com a língua na ponta do meu
seio. Sinto meu sangue fervilhar e a boca secar. Ele repete esses movimentos
várias vezes, me torturando descaradamente.
Com minha ajuda, Nick retira minha calcinha e fico
completamente nua diante daquele homem tão perfeito. O magnetismo nos une, é
algo evidente.
— Preciso te comer, Fani. Você está toda molhada, e
isso faz meu pau quase explodir de tesão — diz enfiando dois dedos dentro da
minha vagina.
Ofego. Não consigo formular nenhuma frase com nexo.
— Você quer? Quer que eu te foda sem piedade?
Ele não tira os dedos dentro de mim, e não consigo
responder. Mas o desejo é tanto, que minha mente, meus sentidos, tudo de mim
está rendido diante de Nick. Em resposta, balanço a cabeça em positivo.
— Gostosa!
Retira os dedos da minha vagina e em algum lugar perto
da cama ele pega uma camisinha. Rasga o pacote com os dentes e veste sua ereção
pulsante. Volta a colocar os dedos dentro de mim e os retira em seguida.
— Sinta como é gostosa — coloca os dedos na minha
boca.
Chupo cada um deles e sinto meu gosto descer pela
garganta. Oh céus, se ele continuar juro
que gozo em seus dedos. Nick se deita na cama e me puxa para cima dele.
Posiciona sua ereção bem na minha entrada e desliza para dentro me levando ao
paraíso. Sou desconectada desse mundo e me conecto ao Nick.
Ele começa as estocadas. Ritmo acelerado, depois
devagar, depois acelerado e assim até atingirmos o ápice da nossa foda sem
compromisso. Gozamos juntos e isso é sensacional, pois durante os anos de
casada eu conto nos dedos das mãos as vezes que gozei junto com meu ex-marido.
Nick é fodástico.
Ainda dentro de mim ele me abraça, beija meus lábios
suavemente e diz:
— Que tal um bom banho de banheira e depois um vinho,
aceita?
Digo sim com a cabeça, pois as palavras me faltam
nesse momento de pós foda.
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A suíte é tão glamorosa
quanto todo o hotel. Janelas panorâmicas e uma varanda espetacular que de onde
toda cidade pode ser vista. Respiro fundo ao ver as luzes da metrópole.
Enrolada num lençol branco, fico admirando a noite na varanda. Penso em tudo
que passei desde que me separei. Na adaptação que enfrentei para criar meu
filho sem a presença de uma figura masculina dentro de casa. Penso no que ouvi
da minha família e amigos que insistiam em dizer: “Eu avisei que ele não
prestava”.
Uma das piores partes de se estar divorciada era a falta
de respeito, que sofri e sofro até hoje, por ser uma mulher sozinha com um
filho a tiracolo. Muitos não sabem o que passei para terminar minha faculdade e
seguir na carreira que estou hoje. Lembro que na época de faculdade eu era
magrinha e todos os homens me comiam com os olhos, até curti com alguns, mas
nunca desviei meu foco nos estudos. Hoje, depois que engordei, esses “homens”
não me olham com tanto desejo, mas com pena. E isso me afetou, durante um
tempo. O período de transição, até me tornar uma mulher livre desses fantasmas,
foi longo e árduo, pois ainda sinto que feridas precisam ser fechadas. Porém só
o tempo vai ajudar.
Estou
progredindo. Quero ser uma mulher melhor a cada dia, para mim mesma e para meu filho.
Sinto as mãos exigentes de Nick envolver minha cintura.
Olho de lado e vejo que ele está nu e com o membro quase duro. Ele roça a barba
no canto do meu pescoço e arqueio ao sentir os pelos na minha pele. Encostando seu
pau nos meus quadris, ele me aperta e diz:
— Quero mais de você — sussurra ao meu ouvido.
— Você não se cansa?
— De você — mordisca minha orelha. — Acho que ficarei
viciado. Você é muito gostosa.
Suspiro igual a uma donzela inocente que acabou de
encontrar o príncipe encantado. Só que o Nick está longe desse estereótipo de
conto de fadas, e eu muito menos de ser uma donzela em apuros. Mas, confesso, a
noite foi e está sendo mágica.
— Você também é muito gostoso, mas não quero precisar
de uma reabilitação para me ver livre do vicio chamado: Nick, o rebelde.
Ele sorri e vira meu corpo para olhar em meus olhos.
— Eu nunca passei uma noite inteira com uma mulher. Depois
que... — ele engole seco.
Percebo que seu olhar fica triste de repente, e sinto
uma certa comoção em seu tom de voz. Talvez um drama do passado o aflija. E pensei que homens fossem práticos para
resolver seus traumas
Enrolo Nick com o lençol e o abraço. Ficamos
envolvidos pelo lençol de algodão que agora tem nossos cheiros. Ergo a cabeça e
com as duas mãos seguro o rosto dele.
— Quer contar algo?
Ele respira fundo e fecha os olhos por alguns
segundos. Depois os abre, sorri de lado e começa a falar.
— Eu fui casado e minha mulher morreu a dois anos em
um acidente de carro. Ela estava grávida e eu quase enlouqueci. Passei todo
esse tempo mergulhado no trabalho e no sexo sem compromisso. Não durmo com
nenhuma mulher desde então. Até você aparecer.
Meu coração, que antes estava eufórico, agora está
destroçado. O Nick que parece ser um predador no quesito mulher, que dança
sedutoramente para conquistar suas futuras fodas, tem um trauma tão devastador
como esse.
— Eu sinto muito...
Meus olhos estão marejados.
— Não sinta. Você não a conhecia — beija minha testa.
— Eu senti uma mistura de sentimentos quando te vi entrando na Tentação. Um
arrepio na espinha, borboletas no estômago e precisei de dez segundos de
coragem para me aproximar e te puxar para dançar. Só tinha sentido isso quando
conheci a minha esposa — arregala os olhos e diz: — E não pense que lembrei
dela olhando para você, ou que são parecidas, longe disso. Eu só não queria
deixar a oportunidade passar.
Fico em silêncio. Não sei o que dizer. De fato, quando
ele começou a falar, achei que estava ali por lembrar sua esposa, me enganei. Minha noite está sendo surpreendente.
— Nick, eu tenho tantos problemas quanto você, não sei
se daríamos certo...
— Ei — ele tira uma mecha dos meus olhos. — Só quero
que dê certo esta noite, por enquanto. O amanhã, não pertence nem a mim e nem a
você, o destino é que decide.
Sorrio tímida diante da forma como o Nick vê a vida.
Ter passado por uma tragédia como a que passou, não afetou o modo de como ele encarar
as surpresas do destino. Abraço sua cintura ele me aperta contra seu peitoral
tatuado. Beija o alto da minha cabeça e diz:
— Não queria que essa noite se tornasse mórbida por
traumas do meu passado. Porém, senti vontade me abrir com você.
— Essa noite está sendo maravilhosa — pego sua mão e a
beijo. — Obrigado por me contar algo tão íntimo.
— Aceite como uma troca de experiências. Você me
contou sobre seu divórcio e eu sobre minha viuvez.
Depois que transamos da primeira vez, bebemos mais um
pouco de vinho e acabei contando ao Nick sobre meu casamento fracassado.
— Está frio aqui fora — ele diz olhando para o céu.
Eu olho direto para o meio de suas pernas, e seu
membro já está duro, ereto e imponente. Nick é um espetáculo desde o corpo todo
definido, feições marcantes e um pau de deixar qualquer mulher babando. Eu estou babando.
— Quero mais de você — digo o encarando.
Ele segura meu rosto e me beija. Agarro Nick pela
cintura e o lençol cai nos deixando nus. Ele me conduz, sem desgrudar suas mãos
do meu corpo, até a cama. Deita-me com cuidado e antes de se deitar sobre mim,
ele me venera com seu olhar penetrante. Fico excitada só com esse olhar. Ele se
deita sobre mim e beija cada parte do meu corpo. Não sinto vergonha em ser
gordinha, até antes de sair de casa estava com receio do que achariam do meu
corpo, mas agora, não mais. Sinto o roçar da barba do Nick em minha pele. Ele
beija minha cintura enquanto acaricia meus seios com as mãos.
Quando ele encosta a boca na minha vagina, arqueio o
corpo e seguro os lençóis. Solto um gemido. É delirante e Nick parece estar
sedento. Eu estou sedenta por mais. Era isso que eu precisava. Eu precisava de
alguém como o Nick, que me fizesse sentir que mesmo gordinha, sou sensual e
gostosa, como ele mesmo repetiu durante toda a noite. Ele passeia a língua
fazendo movimentos circulares no meu clitóris. Estremeço de prazer.
— Ah... Nick — solto outro gemido.
Ele ergue a cabeça para me olhar e diz:
— Não vou perder mais nenhum gemido seu. Vou te comer
e te beijar até que goze comigo enterrado em você, minha linda.
Dito isso, que eleva minha excitação a um nível
imensurável, ele se levanta, pega uma camisinha e veste em sua ereção. Ele abre
minhas pernas e me segurando pelos joelhos, ele me penetrar. Sinto um ardor,
que é vencido pela desinibição e prazer. Com movimentos vagarosos, Nick vai
dando suas estocadas e eu vou a loucura. Sou arrebatada para outro nível de
prazer. Ele vai acelerando o ritmo até cair sobre mim e beijar minha boca. Cada
gemido meu é bebido por Nick. No clímax de nossa transa, gozamos, e é
fantástico, pois quebrei o jejum de anos sem uma boa gozada.
Ele se deita ao meu lado e me puxa para perto de seu
corpo suado, me abraça e diz ao meu ouvido.
— Gostosa do caralho!
Derreto-me ao ouvir esse elogio sacana. Pareço até uma
adolescente sendo desvirginada. Acho que
sou eu quem ficará viciada nele.
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Uma manhã de sábado nunca foi tão linda como a de
hoje. Dentro do carro, Nick dirige com uma das mãos na minha perna, esse gesto
carinhoso me faz sorrir. Durante o trajeto até a minha ele conversa comigo,
sempre puxando assunto e acabo sabendo outras coisas sobre sua vida. Fico
sabendo por exemplo que o apelido de rebelde foi dado por seu pai, que quando Nick
era adolescente o deixou de castigo por ter ido passar um fim de semana no
litoral sem avisar a ninguém da família. Ele em contou também, que o barman que
me atendeu é seu primo Jeff, e que é dono da boate Tentação em sociedade com
seu irmão mais velho. Um negócio de família.
O som do carro toca um rock clássico dos anos oitenta.
Separate Ways do Journey toca em último volume. Nick e eu cantarolamos juntos e até
balançamos as cabeças como se estivéssemos em um show de rock. É divertido.
Dez minutos depois, ele para o carro na porta do
prédio onde moro. Abre a porta e estende a mão para que eu me apoie nele ao
sair do carro. Um perfeito cavalheiro. De pé em sua frente, coloco as mãos em
seu peito e fito seu lindo rosto de traços fortes. Ele sorri e me beija
suavemente.
— Quando te verei novamente? — digo ansiosa.
— Quando o destino permitir, ou a nossa sede por ficar
juntos for insuportável. Nesse segundo caso, eu sei onde te encontrar e você
sabe onde pode matar sua sede — dá uma piscadela.
Despeço-me de Nick com último beijo e espero que esse
não seja o último de verdade, pois a sede por mais será inevitável.
FIM.